sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

24° Dia - 14/01/09 - Diário do Piloto = Argentina, Uruguai, Brasil e no caminho a Policia Camineira

Acordamos, como nos propusemos, cedo, e já 7:00 horas da manhã estávamos na estrada. A intenção era chegarmos em Livramento, Brasil, ainda hoje. Teríamos que neste dia enfrentar o movimento e a confusão dos acessos das imediações de Buenos Aires, 3 aduanas e somente então estaríamos em Santana do Livramento. Já na altura de Lujan, embora elogiável a sinalização rodoviária da Argentina, principalmente se comparada com o Brasil, (No Brasil, péssimas, incluindo aí as rodovias pedagiádas. Neste sentido cresce minha convicção que estamos sendo lezados com estes preços acachapantes de pedágios, cujo retorno é mínimo. Afirmo com convicção, pois agora tenho a comparação), na altura que nos encontrávamos, estava deficinete, ou melhor, inexistente, o que trazia muitas dúvidas, em função dos entroncamentos e grandes rotatórias que levavam a Buenos Aires e também a outros destinos entre eles o nosso, ou seja, Zarate, cidade onde iniciaríamos a ruta 14, até Colón, por onde entramos na Argentina. Agora no sentido contrário (entraríamos no Uruguai em Paysandu), não via qualquer placa sinalizando cidades como a já mencionada Zarate, ou Campana. Segui meus insintos. O viajante também deve contar com ele, pois muitas vezes a lógica da localização espacial, nos faz acertar os caminhos (as mulheres têm mais dificuldade neste sentido, é claro que levam vantagens em relação ao homens na maioria de outros quesitos, mas definitivamente, localização espacial não era um deles). A Adelaide, por exemplo, por diversas vezes acertava e me alertava quanto aos caminhos corretos em entroncamentos, me salvando de pegar as rotas erradas, porém em algumas situações sua localização espacial era completamente incoerente com a lógica. Acertamos na intuição e pegamos o caminho correto, pois depois dos entroncamentos apareceram as placas. Já na ruta 14, na provincia de Entre Rios, voltou a a preocupação com a corrupta polícia camineira, cujo alvo preferido são justamente os moto-viajantes (lembrem que na vinda não a encontramos em função de um protesto que havia dos produtores rurais, fazendo a guarda nacional tomar conta das ruas. Neste dia esta tropa de safados se recolheu). Não precisamos andar muito para sermos parados pela primeira barreira de policiais. Novamente nos foi solicitado o seguro carta verde. Verificação feita pelo policial, OK, podem seguir. Na entrada de Gualeguaychú, resolvemos entra na cidade para nos informarmos se existia possibilidade de atravessarmos a fronteira ali, até Fray Bentos no Uruguai, onde nos livraríamos de Entre Rios. Foi embicar a moto no trevo de acesso e acessar a ruta que nos leva a cidade e mais uma vez barrados pela polícia camineira. Desta vez o policial pediu para verificar o farol. Queria ver o acionamento da luz alta. Ok, mostrei a ele e pediu que saísse da moto e o acompanhasse. Fui até o seu veículo e ele disse que eu teria que andar com as luzes do farol alta e estava comentendo com a luz normal uma infração. Aqui vai uma dica que aprendi lendo a experiência de outros motos viajantes. Levem consigo um código de trânsito Argentino. Claro que não estudei o código de trânsito argentino, a não ser o item que fala do extintor (mata-fuego), em outros tempos motivo para complicarem. Neste artigo está claro que as motociclestas estão dispensadas de seu uso. Não estava preparado para este desatino, exigir que andasse com luz alta. Com certeza se estivesse com a luz alta acionada, ele utilizaria o argumento contrário, que deveria andar com a luz normal e a alta era proibida. Na hora tasquei. - Mas no código de trâsito Argentino não consta esta exigência (Na verdade eu não sabia se constava ou não constava, mas arrisquei). Imediatamente pedi que a Adelaide trouxesse o código. Ele também sacou do código e mostrou grifado artigo 47, que falava na obrigatoriedade de andarsse com a luz que seja visivel por outros motoristas. Mostrei para ele que a luz normal da moto já era suficiente. logo acima no artigo anterior falava em luz alta, como exigência somente nas estradas do interior, portanto, era evidente que estava me aplicando. A verdade que ele não esperava que argumentasse mostrando que tinha o código de trânsito e com a convicção (ao menos aparente) que conhecia a lei. Ficou meio desoncertado, lendo o artigo e pensando em outra forma de tirar alguma propina destes brasileiros motoclistas. Acho que ficou nervoso. Tentou ainda uma última intimidada, dizendo que a infração chegará pelo correio. Argumetei novamente, que não havía infração alguma, e ele a cada argumento meu respondia imediatamente si, si, si. Já montados na moto, em forma codificada pediu se não havia nada gelado para tomar (queria algum dinheiro). Mostrei para ele a garafa de água mineral presa no bauleto e disse que só tínhamos aquela água e era pouca, suficiente somente para nós, liguei a moto e fomos embora, sob o olhar atonito do atrapalhado corrupto policial. Pior raça é esta dos corruptos. Eta racinha desnecessária neste mundo. Chegamos a Cólon, embora com grande movimento, os trâmites foram rápidos, facilidades, mais uma vez de quem está de moto e pode seguir em frente até o guiche da aduana. Atravessamos o Uruguai, só parando em Tacuarembó para abastecimento e finalmente o Brasil. Faltavam 500 km até Porto Alegre e já eram 18:30 hs. Abastecemos e comemos um picolé para comemorar o objetivo atingido. Estava claro ainda e a vontade era de continuar. Deixei a decisão nas mãos da Adelaide (por mim seguia, mas não queria forçar a barra). Ela decidiu que seguiríamos ante onde desse. Seguimos viagem e logo alcançamos Rosário. Falei para ela: agora só faltam 400 km. Depois de 12 mil e poucos quilometros, 500, 400, 300 km não é mais nada. E muitos insetos praticamente cobrindo a viseira. Parei em São Gabriel, em um Pit Stop rápido para limpá-la (a intenção era ser rápido em quanto o entardecer ainda possibilitava maior visibilidade, antes da escuridão). Passado São Gabriel e a noite nos alcançou definitivamente. Segui com prudência. Logo o trecho pedagiado, nos possibilitou, devido aos olhos de gato uma pilotagem mais segura. A noite estava agradável, e a lua cheia nos iluminava. Paramos em São Sepé para um Ala-minuta enorme (três enormes bifes, muita comida, dois ala-minutas por apenas R$ 17,00. Que diferença da Argentina, que com este valor mal comiamos um péssimo Sandwiche, exceção ao restaurante de Vila Angostura, que superou os preços do Brasil. Muito barato). Seguimos viagem. Nesta altura já havíamos superado a casa dos 1.000 km rodados. Não fosse o desconforto de já estarmos sentados na mesma posição a mais de 17 horas, o que fez com que nossas bundas ardessem em função de um inicio de assadura, a viagem teria sido ótima. Mesmo assim estava sendo boa. O 24° dia da viagem terminava e nós com a companhia da lua seguíamos carregados pela valente Catarina em direção ao lar.

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