sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

22° Dia - 12/01/09 - Diário do Piloto = É hora de voltar

Estávamos em um dilema: Ficar mais uma noite nas Termas de Manzanar ou iniciar o percurso de volta. Conversamos e concluimos, colaborado pelo espírito iriquieto dos viajantes, que já era hora de partir. Decidimos que aproveitaríamos até o meio dia o hotel, com direito ainda a um pequeno trekking, banho na piscina termal e um massageante banho final na Jacuzzi de hidro-massagem de nosso quarto. Almoçaríamos e seguiríamos viagem. O famoso túnel Las Raices estava a 30 km do hotel. Na época que o motociclista Chardô atravessou seus 4 km de extensão ele, diferente de hoje, não estava pavimentado, era todo elameado, com uma pista lisa, esburacada, escura e com pedras de rípio que o fizeram ter uma terrível queda. Agora estava pavimentado, e o túnel tão bem relatado no livro do Chardô, agora estava ali na nossa frente, onde aguardávamos o sinal abrir para que pudéssemos atravessá-lo, afinal de contas possuia somente uma mão, pois é um antigo túnel ferroviário. Tiramos fotos antes da abertura do sinal. Sinal abriu e seguimos os 4 km de extensão, com a Adelaide filmando toda a travessia. No seu interior um bom pavimento de concreto e muito frio, mas estávamos eufóricos por termos alcançado também este objetivo, atravessar o Las Raices, que se localiza um pouco antes do passo Pino Achado. Travessia feita, pedágio pago (aliás no Chile a motos também pagam pedágio), fotografias e filmagens feitas, seguimos viagem. Daqui 40 km novamente a primeira aduana, a chilena e mais 20 km a aduna Argentina. Trâmites burocráticos feitos (aqui exigiram pela primeira vez a minha presença para que o imbecil do guarda conferisse o meu rosto com o da foto do passaporte = coisas da burocracia burra de países que se dizem integrados), seguimos até o próximo passo. Vinte quilometros que nos fizeram estar a 1850 km acima do nível do mar, cruzando a reserva regional Alto Bio Bio e então a visão das primeira araucárias centenárias encrustadas em montanhas com paredões verticais. Lugar lindo que sem dúvida mereceria de nossa parte mais atenção. Local ainda pouco explorado pelo mercantilísmo presente nas regiões dos lagos argentinos e vulcões chilenos. Local pouco convencional e talvez único. Estávamos na região da araucânia, nome proveniente destas grandes e lindas araucárias. Fotografias não conseguem expressar a beleza do lugar. Terminados os trâmites na aduana Argentina (também aqui outro embecil exigiu um documento de autorização para circular na Argentina, que teria que ter sido dado em outra aduana Argentina. Mas como, se estou entrando no país agora? Quem tem que me dar autorização é você, hora bolas. Pessoas pagas para só carimbar papéis e se fazerem de importantes acabam atrofiando o cérebro). Logo que saímos do passo, em uma ruta com paisagens belíssimas, a visão de centenas de cabras dependuradas em um grande desfiladeiro. Diminuo para que a Adelaide possa tirar algumas fotos e derepente um cabrito muito louco cruza a toda velocidade na nossa frente quase causando um acidente. Quase que o maluco nos atropela. Mais adiante lindos e fortes cavalos soltos na estrada. Seguindo um pouco mais um espetáculo. Milhares de cabras e cabritos e algumas cabeças de gado, seguem, de forma ordeira e disciplinada em fila indiana pelo acostamento da pista em sentido contrário ao nosso conduzidas no final da fila por dois cavaleiros pastores. Espetáculo único ver aquelas cabras brancas tão disciplinadas se dirigindo a outro ponto da pastagem pelo acostamento da rodovia. Chegamos então a comunidade de Las Lajas e aqui a Adelaide lebrou de um trecho do livro Chardô em que ele conta ter chegado a uma pousada na cidade e com fome viu um sagu sendo degustado por algumas pessoas. Pediu ao proprietário do estabelecimento quanto custava, pois queria comprar. Este com cara de poucos amigos e de forma antipática negou, pois eram para a família. Sem fazer questão de mais um hóspede, não demostrou a menor cordialidade, fazendo com o Chardô seguisse viagem até o Pino Achado em uma pousada familiar. Um dos momentos mais emocionantes do Chardô em sua magnífica viagem foi a visão das araucárias centenárias (em outra oportunidade reproduzo este trecho). Quando rememorávamos isto, achavámos que a referida pousada que o Chardô acabou ficando se localizava em Las Lajas, mas olhávamos para todos os lados e a descrição não conferia com o livro, pois o local deveria ter araucárias e Las Lajas já se caracterizava pelo caracterísitico relevo do deserto patagônico (Viemos em casa, relendo o livro constatar que a pousada fica em Pino Achado). Queríamos chegar ainda hoje em General Roca, 35 km de Neuquem, esta última capital da Provincia com o mesmo nome. Atravessar a rodovia na altura de Neuquem foi uma tortura, pois seus 15 km de extensão estão tomados de semáforos desincronizados fazendo com que parássemos em quase todos. A cada 300 metros um semáforo. Foi irritante este trecho e demorado. Vencido este trecho, faltavam ainda 35 km até General Roca e a certa altura deste caminho uma fila de carros parados. Será que ocorreu um acidente. Esperamos e a fila começou a andar. Chegando perto pudemos ver que se tratava de mais um protesto dos transportadores de frutas da região (a região é uma tradicional zona frutícula, principalmente produtora de maças), com pneus e galhos na pista, prontos para serem incendiados e obstruirem a ruta. Conseguimos ainda passar. Mais adiante no trevo de General Roca, mais uma barreira. Também, por sorte conseguímos avançar. Olhei no retrovissor e constatei que o caminhão que vinha logo atrás de nós havia sido parado. Em General Roca o desafio foi encontrar um bom e barato hotel. Depois de muito rodar e procurar (o centro de informações turísticas estava fechado), encontramos um mais ou menos e caro hotel. Paciência. Pegamos este, pois estávamos cansados e no dia seguinte teríamos um longo trecho pela frente e queríamos sair cedo. A propósito, General Roca é a cidade de uma simpática família argentina, a família Rubina, que conhecemos nas Termas de Manzanar. Um casal já mais de idade, muito agradáveis e gentis, com sua filha, a Letícia, e mais a irmã do patriarca. General Roca é uma cidade média, com opções de compra, com lojas e restaurantes. Trânsito organizado, com grandes rotatorias que facilitam o deslocamento. Fora isto sem muitos atrativos.

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